domingo, 31 de outubro de 2010

O INUSITADO

 
 

     A trajetória realizada pela corruíra era contínua e exaustiva, os estudantes dos quintos anos presenciaram a rotina de construção do ninho e após da contínua tarefa de buscar alimentos para os filhotes. No entanto, nesta última semana, o barulho vindo da calha de sustentação da lâmpada, onde sua obra concretizou-se foi tão grande que o professor solicitou a retirada do ninho, pois não havia como os estudantes concentrarem-se e realizarem suas tarefas. Quando o ninho foi removido a surpresa foi grande, pois no lugar de encontrarmos os filhotes da corruíra, ali estavam filhotes imensos de chupim, sendo que os ovos da corruíra estavam danificados e não produziram filhotes. Entendemos então o motivo de tão grande alarde, pois eles são descomunalmente maiores que o pequeno pássaro que tentava alimentá-los, sem o êxito de saciá-los. Ficou a indagação: qual seria o motivo daquele pequeno pássaro abrigar e alimentar os filhotes do pássaro invasor? O pássaro que matou os seus filhotes? Procuramos saber o que outras pessoas já escreveram sobre o assunto:
" Cientistas detectam pássaro mafioso : chama-se Chupim-cabeça-castanha.
Por que outras espécies de pássaros aceitam passivamente que o chupim deixe ovos em seus ninhos e ainda criam os filhotes do parasita? Por que os hospedeiros não jogam os ovos estranhos para fora? A resposta, segundo uma pesquisa científica recente, é: além de aproveitador, o chupim se vale de uma estratégia de intimidação típica do crime organizado. Eis uma estranha notícia publicada pelo jornal brasileiro Estado de S. Paulo, vulgarmente conhecido como Estadão.
Segundo a notícia do Estadão, o que foi apelidado de "comportamento mafioso" foi registado no Molothrus ater, o chupim-cabeça-castanha, e está descrito na edição online desta semana da revista Proceedings of the National Academy of Science (PNAS).
"São as chupins fêmeas que controlam o esquema mafioso no nosso local de pesquisas", diz nota divulgada por um dos autores do trabalho, Jeffrey P. Hoover, citado pelo Estado de S. Paulo. "Nosso estudo mostra que muitas delas voltam e vandalizam os ninhos quando removemos o ovo parasita", explicou ele.
Na pesquisa, Hoover e o co-autor Scott K. Robinson observaram ninhos onde os chupins haviam deixado ovos e então removeram alguns desses ovos. Eles descobriram que 56% dos ninhos da onde os ovos tinham sido retirados acabaram vandalizados.
Os cientistas - diz o Estadão - também viram evidência do que chamaram "comportamento de cultivo", no qual o chupim destrói um ninho para forçar o hospedeiro a fazer outro. Em seguida, o chupim sincroniza sua época de pôr ovos com a da vítima. "Chupins parasitaram 85% dos novos ninhos, o que é evidência forte em apoio tanto ao cultivo quanto ao comportamento mafioso", disse Hoover. “

Segundo a enciclopédia Universo (Editora Delta – Editora Três), parasito é "termo pelo qual se designa todo ser vivo que, de maneira permanente ou temporária, deve obrigatoriamente alimentar-se a expensas de outro organismo". No caso do chupim, não ocorre exatamente assim, mas pode-se dizer que o seu parasitismo é patronal ou familiar, na medida que os seus filhotes dependem dos cuidados e alimentação de pássaros de outras espécies. CORREIO RIOGRANDENSE

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